terça-feira, 18 de maio de 2010

p.s: ainda é seu.

Não poderia ter sido mais fácil pro cravo, que demonstra claramente o poder que tem de viver sem a rosa. Ele só não sabe o quanto a rosa é dependente dele. E ela não encontra razão para continuar com a outra parte da farsa. E ele é esperto. Muito. Ao menos, o suficiente para saber o peso de um cravo em relação a uma rosa. Não qualquer rosa, mas essa em especial, que as vezes tem mais de cravo que de rosa, e fere esse cravo cor-de-rosa.

E não poderia ter sido mais difícil para a pobre rosa. Cheirosa, porém cheia de espinhos, cheios de veneno cujo ela não tinha noção do poder, do cruel poder, até mesmo mortal.
E claro, ela descobriu da pior maneira: ferindo o pobre cravo. Mas é bom ele não negar, é bom ele não fingir, é bom ele não mentir, nem mesmo omitir. Porque ele é tão culpado quanto ela. Certo, talvez mais.
Ele nunca foi um bom cravo mesmo. Nem ela a melhor rosa, mas ela nunca negou. Sempre alertou. Sempre disse que isso traria o fim. Talvez não que isso traria o fim, mas sempre falou do fim. E o cravo, como bom amigo que era, trocava a camisa. E o modo o qual ele fazia isso, ela gostava. E como. Mas isso acabou, certo? Sempre se acaba com o pior erro, e pior que esse não há. Não há mesmo.

"E eu acho que esse foi meu último erro antes de você morrer",
disse um dos dois, que pela voz chorosa foi impossível identificar. Seja lá qual rosa ou qual cravo falou, falou pelo momento. Suicidio não tá no sangue dos vegetais. Vegetais nem têm sangue! Mas, garanto que nesse momento, o sangue do que não falou essa frase ferveu. ferveu de raiva, enquanto o do outro fervia de arrependimento, paixão seca, mágoa, e mais um turbilhão de sentimentos estranhos. Definitivamente, não era o que ela queria. Mas, ela não podia fazer mais nada.
Ele percebeu: estavam continuando. Só não sabia da onde tirava forças para tal coisa, já que ele mesmo afastava o único aroma que ele dizia dar sentido a sua vida. Não iria nem guardar um pouquinho em um frasco? Para mostrar para outras rosas como se tornar como essa? Não.
Ele percebeu: estavam continuando, cada um por si. E ela sabia muito bem de onde ela tirava forças. Tirava de própria, forças inexistentes, reciclando sentimentos. Até o momento em que o cravo cor-de-rosa quer (mas não muito) voltar a dar forças para a rosa cheia de espinhos venenosos.
Porém, foi a vez dela de se irritar. Após toda essa tortura e humilhação, a rosa queria deixar claro o fim. Mas, por que desistir de alguém que você conhece tão bem? Tão bem a ponto de saber o tom da cor do cabelo, o tom de vermelho que ele fica quando envergonhado, as medidas do nariz, o porque dos apelidos que ele tem, o tom de voz que ele usa quando está triste.
Então, mesmo que o cravo sempre brigue com a rosa, ele saia ferido e ela despedaçada, sempre que ele ficar doente, ela irá visitar. Sempre que ele tiver um desmaio, ela vai chorar.
E nada mais vai importar. Nem mesmo o fim.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

think!

Se eu não te amasse tanto assim,

não conseguiria chegar ao fim...
Terminaria bem,
voltaria a ser ninguém.

Se eu não pensasse tanto em ti,
me faltaria forças pra seguir
forças pra continuar,
pra me deixar acabar.

Mas chega de "se". Porque te amo.
Porque te penso.
Porque te chamo,
porque te entendo.

domingo, 16 de maio de 2010

Only sins, but he was the best.

"Me pare. Me pare agora. Me pare enquanto pode."

Foi o que ele pensou ao atravessar (pela última vez em todos seus 15 anos) a grande porta de vidro que, então, os separaria para a eternidade.
Mas como ela ia saber? Como ela, uma pobre garota com pena de si mesma por ter sido abandonada no auge de sua paixãozinha trágica iria imaginar que dessa vez ele realmente não estava para ameaças? Que dessa vez... ele ia na promessa (para si mesmo, como sempre) de nunca mais voltar?
E ao pensar que tudo o que ele precisava para ficar era só que ela levantasse daquele sofá azul encardido, segurasse seu braço e, não desse modo, mas com palavras (nenhuma em especial) o puxasse de volta para um mundo, para uma vida que os dois criaram juntos, eu choro. Mas choro de raiva. Sim, raiva, porque então lembro que tudo o que ela fez foi levantar-se daquele sofá azul encardido, correr na direção do seu bem querer, berrar seu nome o mais alto que os pulmões lhe permitiram e esperar que ele olhasse.
Bom, ele olhou. Ela disse "obrigada pro tudo", e deu um belo sorriso. Que para ele... pareceu um belo ponto final...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

dating our lives won't make us last longer.

No dia 26/10/03, o que fazias?

Eu me iludia, me mostrava ao povo, irradiando tal falsa beleza. Você, nove. Ainda feliz, muito provavelmente estavas pirulitando por ai, talvez não tão longe de mim.
Melhor: Eu é que não estava tão longe de ti, estava em teu território, tua parte da cidade.

No dia 26/o3/10, o que fazias?
Eu estava radiante. Angustiada para ver meu bem, mas nem vi. Tantas coisas atrapalhando minha mente de chegar até você...Que quando ela conseguiu a proeza de concentrar-se, você não estava lá, nunca esteve. Você, dezesseis. Passaste o dia concentrado em outro, quase que certeza. Até esquecestes do compromisso que tinhas: Seguir em frente, olhar teu futuro, viver.

No dia 03/10/26, o que estarás fazendo?
Eu, trinta e um. Vou ler e me perguntar o que tudo aquilo significou pra mim, batendo a cabeça pra lembrar.
Você, trinta e dois, sempre superior. Se ainda não te contrariou de novo, teus sonhos não são mais sonhos. A bobinha te tem, de um modo mais certo agora.
E eu, ah, nem sei mais quem sou.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

another pocketgift

Lembro-me de meu bem.

[...] E a distancia torna a proximidade mais dolorosa. E não saber o que se passa em sua mente me faz padecer de dor. Não quero esquecê-lo, mas a cada lembrança, sua imagem embassa...
Deste um eu fui, e ainda sou.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

pocketgift

Lembro-me da minha vida.

Lembro-me de todas as vezes em que lamentei morar em uma cidade pequena, onde fulana conhecia cicrana, que conhecia fulano, que conhecia meu bem.
Hoje, ao ver como o mundo é grande, só consigo pensar em voltar a cidade que eu achava pequena e perguntar à fulana onde se encontra cicrana, para que me mostre fulano, para que este então me leve até meu bem, me leve até aquele que se fez necessário em minha vida.
Neste, ou naquele ano.
Nesta, ou naquela cidade.

 
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